A MÃO ESQUERDA DA ESCURIDÃO – crítica

Capa da nova edição nacional

A autora

Ursula K. Le Guin nasceu nos Estados Unidos em 1929. A partir dos anos 60, passou a publicar contos, novelas e romances, a maioria no gênero da ficção-científica e da fantasia. Com 80 anos de idade, é considerada a maior autora viva de ficção-científica. Suas obras se destacam por fazerem uso de conceitos do taoísmo, anarquismo, etnografia, feminismo, psicologia e sociologia.

Ursula K. Le Guin

Sinopse

Genly Ai, um terráqueo negro é enviado ao planeta Gethen, que passa por uma Era Glacial, para servir de embaixador ao Conselho Ecumênico, que engloba 83 mundos habitados em um determinado setor da Via Láctea. Os habitantes de Gethen são humanóides de cor marrom muito semelhantes a Genly Ai, com uma gritante diferença, todos são andróginos/hermafroditas e podem tanto ser macho ou fêmea dependendo da ocasião, são sexualmente ativos apenas 2 dias por mês (o que chamam de Kemmer) e claro, podem tanto engravidar sua companheira como parir filhos. A missão de Genly Ai é convencer os governantes do planeta a se juntarem ao Conselho Ecumênico, uma missão que vai ser muito mais complicada do que parece, graças ao choque cultural, religioso, sexual e as diversas intrigas políticas que o cercarão.


Os habitantes de Gethen só conhecem esse tipo de paisagem há milhares de anos...

O Livro

Ganhador do prêmio Nebula em 1969 e do Hugo em 1970, os maiores prêmios concedidos para escritores de literatura fantástica, A MÃO ESQUERDA DA ESCURIDÃO chegou a ser comparado com O SENHOR DOS ANÉIS pela riqueza de detalhes, mas eu o compararia com a série DUNA, de Frank Herbert, que igualmente tratava de sociedades feudais, exploração de outros planetas, raças alienígenas, religião, etnocentrismo, ecologia e sexo.

Considerado um dos primeiros livros de FC feminista, a autora, na voz do personagem, fala em como seria uma sociedade livre do dualismo macho/fêmea e do autoritarismo machista que isso acarretou em nosso mundo. Um mundo sem tensão sexual 24 horas por dia/7 dias por semana. Um mundo onde não existe homem nem mulher, apenas a pessoa em si, onde ninguém é julgado pelo seu sexo, mas sim pelas suas ações. O enviado Genly Ai é chamado de pervertido em vários momentos e assombra a todos quando conta que na raça humana todos estão em constante estado de kemmer (cio).


Capa da edição americana.


Um mundo sem guerras também, já que os gethenianos são menos dados a violência devido a sua natureza peculiar. Nesse fator, o frio intenso também pode servir de desestímulo a longas campanhas bélicas. Com temperaturas que variam de 0ºC a -60ºC, Gethen, também chamado de Inverno por Genly Ai, é um planeta inóspito e com poucos recursos naturais, mas que chamou a atenção do Conselho devido a natureza genética de seus habitantes e sua cultura única. E o objetivo do Conselho é simplesmente a troca de informações e cultura em conjunto com os outros 83 mundos habitados. No ano 4870, segundo a autora, com alguma sorte, talvez não estejamos mais entrando em contato com outras culturas com a intenção de roubar seus recursos naturais e riquezas como fizemos no passado e continuamos fazendo hoje.

Mas boa parte do livro é dedicada à Genly Ai tentando compreender a estranha cultura andrógina e suas peculiaridades e a tentar conhecer melhor Estraven, talvez seu único amigo real (ou seria inimigo?) entre as centenas de gethenianos com quem travará conhecimento.


Os pólos de Gethen jamais foram atravessados em um planeta que possui tecnologia, mas não aviões, pois não há pássaros que inspire seus habitantes a voar.

O grande clímax do livro são os capítulos finais, onde Genly Ai e Estraven tentarão atravessar a pé um deserto polar durante 3 meses. A batalha de um terráqueo e um getheniano contra as forças gélidas da natureza e toda a tensão, companheirismo, desespero e solidão que isso acarreta tem relação direta com os relatos dos primeiros exploradores da Antártica.

Um livro que transcende a literatura mais comum do gênero para demonstrar que somos todos diferentes. E ao mesmo tempo iguais.

Trecho

Leia as primeiras 20 páginas do livro aqui.


Capa da antiga edição nacional.

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Usado.


Boa leitura.

Comentários

Marcella Leal disse…
Mais um para minha lista de Must Read!

beeijo
faz tanto tempo q eu nao venho aki q eu at espantei rsrsrrs,o layout novo, e oconteúdo ,mas ufa, percebi q vc ainda continua o mesmo, por um momento pensei q tinhamos perdido vc para os intelectuais
Júlia Reis disse…
oooi divo haha
então, aquele negócio da diabetes foi um leve susto haha. Eu fiz o exame e talz mas como eu tava em jejum não deu certo #FAIL haha. mas agora ta de boa. se eu tivesse já era pra eu ter tido um treco já, do jeito que eu como açúcar :D. mas muuuuito obrigada por se preocupar, vc não tem idéia da minha felicidade quando vi seu comentario. *---*
Ana Beatriz disse…
Olá, Jerri!
Eu acho interessantes livros com esses temas, que nos fazem refletir sobre várias questões sociais e conhecer um mundo (mesmo que seja fictício) em que não existem padrões sociais e assuntos que não são debatidos no dia-dia, como sexo, preconceito a questão de machismo. Eu já venho desistido das leituras femininas água com açúcar. Eles são cansativos e não acrescentam nada! Haha.
Um beijo.

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