Planeta próximo à Terra pode ter atmosfera com água e metano - Ciência

 Representação artística de Gliese 132 b.


por Leticia Fuentes (revista Veja)

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Com um peso semelhante ao da Terra e um diâmetro apenas 50% maior, o Gliese 1132 b é possivelmente um dos planetas mais parecidos ao nosso já encontrados. Depois de analisar atentamente sua atmosfera, um grupo de cientistas europeus acredita ter encontrado indícios da presença de água e metano. O estudo está passando por revisão e será publicado no The Astrophysical Journal.

“Nós mostramos que um planeta com a massa da Terra é capaz de sustentar uma atmosfera densa”, diz à Scientific American John Southworth, conferencista em astrofísica na Universidade de Keele, na Inglaterra, e líder da pesquisa.

Com descobertas cada vez mais frequentes de exoplanetas que apresentam condições favoráveis para abrigar uma atmosfera habitável, uma nova barreira está sendo ultrapassada pelos cientistas ao estudar um astro com um tamanho próximo ao da Terra. A maioria dos candidatos a esse título já descobertos são muito maiores e mais quentes do que o nosso planeta. O primeiro exoplaneta potencialmente habitável a apresentar um diâmetro semelhante à Terra foi o Kepler-186f.

O Gliese 1132 b, no entanto, é relativamente fácil de ser estudado, já que fica a apenas 39 anos-luz da Terra (cada ano-luz equivale a 9,46 trilhões de quilômetros), uma distância próxima em termos cósmicos. Ele também apresenta a vantagem de orbitar uma estrela-anã do tipo M, que corresponde às menores e mais frias estrelas, sendo mais fácil para os astrônomos investigarem a atmosfera do planeta. O problema, no entanto, é que planetas do tamanho da Terra que orbitam esses astros geralmente não conseguem sustentar uma atmosfera por causa da atividade intensa de suas estrelas.




Como os cientistas acreditam que possa ser o pôr-do-sol em outros planetas supostamente habitáveis já descobertos em comparação com a Terra.


Parente próximo

Segundo a Scientific American, a equipe estudou a atmosfera do Gliese 1132 b usando uma variação de um método utilizado para identificar exoplanetas, baseado no trânsito do corpo celeste ao redor de sua estrela visto da Terra. Quando o planeta se movimenta, ele bloqueia uma porção da luz emitida pela estrela, lançando uma sombra em direção ao nosso sistema solar. A atmosfera do planeta absorve uma pequena parcela dessa luz perto dos limites da sombra, filtrando certos comprimentos de onda de acordo com sua composição – e é por meio da observação desse fenômeno que os cientistas conseguem descobrir os elementos presentes.

Usando o telescópio MPG/ESO, localizado no Observatório Europeu do Sul (ESO, sigla em inglês) no Chile, a equipe monitorou nove passagens do Gliese 1132 b por uma grande variação de comprimentos de onda, incluindo óticos e infravermelhos. Com as medições, os cientistas projetaram um espectro simples, que mostra a quantidade de luz a cada comprimento de onda. Em alguns deles, os resultados mostraram uma maior absorção, indicando a possibilidade de existir água, metano ou ambos na atmosfera do planeta, em quantidades semelhantes às presentes no ar da Terra.

Com os dados, os astrônomos também conseguem estimar a densidade do corpo celeste, assim como sua possível composição. Considerando que a atmosfera pode conter vapor d’água, um possível modelo sugere que o Gliese 1132 b se pareça a um oásis vaporoso, com uma quantidade considerável de água em volta de um núcleo rochoso. Os cientistas afirmam que outros modelos, com uma proporção maior de rochas, também sejam possíveis, embora não se possa confirmar a composição exata do interior do planeta.


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